TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS: ANTECEDENTES HISTÓRICOS

ANTECEDENTES HISTÓRICOS:

    O ato de transferir órgãos e tecidos de um organismo para outro não é uma ideia recente. As primeiras experiências de transplante, na antiguidade, visavam principalmente a reparar mutilações. No século VI a.C., cirurgiões hindus já faziam enxertos de tecidos. Em Alexandria, lesões do rosto e de outras partes do corpo eram atendidas com retalhos de pele. Os registros mais antigos desses eventos são da Índia Antiga e da China. Consta na tradição chinesa que, 300 anos antes de Cristo, o médico Pien Chiao realizou, com êxito, a troca de órgãos entre dois irmãos. E estudos arqueológicos realizados no Egito, na Grécia e na América pré-colombiana registraram o transplante de dentes.  Na Índia Média firmou-se a célebre lenda dos Santos Cosme e Damião, que por pura caridade exerciam a Medicina. 
Entre os casos modernos de transplante, são particularmente importantes os de coração. As primeiras experiências nesse domínio datam de 1905, quando, dois franceses, Alexis Carrel e Charles Claude Guthrie, transplantaram o coração de um cão, que pulsou no corpo de outro durante cerca de uma hora. Vladimir Demikhov fez severos transplantes nos anos de 1930 e 1950, como a transplantação de um coração dentro de um animal e uma substituição de pulmão e coração em um animal. No homem, a primeira experiência foi feita pelo americano James Daniel Hardy. Em 1964, Hardy enxertou o coração de um chimpanzé num homem de 68 anos, que sobreviveu poucos minutos. 
  
   Somente nos últimos anos do século XIX e começo do século XX, que o transplante de órgãos e tecidos passou a ser considerado um método científico, após a adoção dos princípios basilares da cirurgia moderna (refinamento instrumental, anestesia, anti-sepsia, antibioticoterapia, combate a rejeição, etc.) A evolução das técnicas da cirurgia de transplantes ganhou impulso após a descoberta dos grupos de tecidos HLD (Human Leucocyte Antigens), por Jean Dausset, ao definir as compatibilidades necessárias.
Ao analisar o início da fase científica com a relação às transplantações, o cirurgião inglês John Hunter (1771) transplantou dentes de um indivíduo a outro, tendo este médico utilizado pela primeira vez a palavra “transplante”. Entretanto, o fato mais relevante quanto à questão dos transplantes ocorreu na  África do Sul, em dezembro de 1967, o Dr. Chistian Barnard realizou um procedimento pioneiro ao transplantar um coração de um humano para um paciente de 54 anos.  Apesar de já ter acontecido outras operações de transplante de órgãos, como a substituição de rins e de fígado, este transplante chamou a atenção pelo fato que significava um marco na história da medicina, pelas possibilidades que se abriram a partir de então, ou seja, na qual a falência parcial ou total dos órgãos poderia encontrar um tratamento técnico, baseado em uma substituição.

  O transplante de órgãos e tecidos, apesar de ter sido uma das mais notáveis conquistas científicas, apresenta ainda vários obstáculos a serem vencidos pelos problemas de ordem ético-jurídica que gera. Convém registrar, no entanto, que essa técnica cirúrgica é de fundamental importância para salvar milhares de vidas humanas e restaurar a saúde de inúmeras pessoas.

                                                        REJIANE GOMES SANTOS.

Referências:      
 Programa Einstein de Transplantes em números. Disponível em: < https://www.einstein.br/especialidades/transplantes/transplante-orgaos >. Acesso em: 05/04/2017.  

 Transplante de Órgãos. Disponível em: <   http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/142transplante_de_orgaos.html >. Acesso em: 05/04/2017.


     CATÃO, Marconi do O. Biodireito: transplante de órgãos humanos e direitos de personalidade.     São Paulo: Madras, 2004. p. 195.

     PESSINI, Leo. Problemas atuais de bioética. 5. ed. São Paulo, SP: Loyola, 2000. p. 333

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