TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS: TEMPO DE ESPERA DE UM TRANSPLANTE NO BRASIL

TEMPO DE ESPERA DE UM TRANSPLANTE DE ÓRGÃO NO BRASIL

  No Brasil, o tempo de demora para um transplante de órgão depende de vários fatores. Dentre eles, a disposição do órgão, a compatibilidade genética do potencial receptor, recusa familiar e seu estado de saúde merecem destaque.
A disposição do órgão para transplante, esta estritamente ligada ao número de doadores. No Brasil, o número de doadores efetivos entre janeiro e setembro de 2016 foi de 14,4 pmp (número por milhão de população), abaixo dos 15,0 pmp esperados, para atingir a meta de 16 doadores pmp, no final de 2016. Em contra partida, a taxa de doadores potenciais foi de 50 pmp no mesmo período.
  Entretanto, a taxa de efetivação é pequena, correspondendo a apenas 29%. Um dos fatores que contribuiem para isso é baixa taxa de doadores elegíveis. À princípio, qualquer pessoa com morte encefálica confirmada pode ser doadora, pois é um quadro irreversível onde é diagnosticada a parada total das funções cerebrais. Em geral, isso ocorre após acidentes vasculares ou traumatismos cranianos. Contudo, apesar da falência do cérebro, o coração continua batendo mantendo os órgãos viáveis para doação. A circulação é mantida artificialmente, por meio de aparelhos e medicamentos. Assim, cerca de um terço dos pacientes, cujo protocolo de morte encefálica é iniciado, esse não é finalizado, pois a morte encefálica não é diagosticada.
Outro fator, é elevada taxa de recusa familiar. Após o diagnóstico de morte encefálica, os parentes devem ser consultados e orientados sobre o processo de doação de órgãos. Após seis horas de atestada a falência cerebral, é feito um novo teste clínico para atestar o diagnóstico . Em seguida, a família é questionada sobre o desejo de doar os órgãos. Mensagens por escrito deixadas pelo doador não basta para autorizar a doação, apenas os familiares podem autorizar a cirurgia, após a assinatura de um termo. De acordo com o Ministério da Saúde, metade das famílias entrevistadas não permite a retirada dos órgãos para doação. Desta forma, torna-se necessária e urgente, a utilização do registro de doadores no país, uma vez que a recusa familiar impede o prosseguimento do transplante e que a vontade do doador seja feita.
  A compatibilidade genética, também colabora para o tempo de demora de um transplante. Por exemplo, se pela ordem de chegada o primeiro colocado na fila é uma pessoa com tipo sanguíneo B e um órgão de um doador tipo A fica disponível, a primeira colocada não vai receber o transplante. Outro assim, a gravidade do estado de saúde do paciente é mais decisivo que o tempo de espera. Assim, têm a preferência pacientes com maior risco de morte.
De acordo com o Sistema Único de Saúde, os tempos médios de espera, para os pacientes transplantados em 2014, foram:

Coração: 6 meses

Fígado: 4 meses

Pâncreas: 4 meses

Pulmão: 10 meses

Rim: 18 meses

Rim/Pâncreas: 13 meses







Tempo de Isquemia

  Esse é o tempo necessário e viável entre a retirada do órgão e o transplante, que varia de órgão para órgão. O tempo de isquemia fria durante o transplante de órgãos inicia-se quando o órgão é resfriado com uma solução de perfusão fria após a obtenção de órgãos para a cirurgia e finaliza quando o tecido atinge a temperatura fisiológica durante os procedimentos do implante.
  Alguns órgãos pode ser retirados após a parada cardíaca, como, por exemplo, as córneas, rins e ossos. As córneas tem tolerância máxima de 6 horas após a parada cardíaca e tempo máximo de preservação extracorpórea de 7 dias. Os rins podem ser retirados até 30 minutos após aparada cardíaca e seu tempo máximo de preservação extracorpórea de até 48 horas. E por fim, os ossos podem ser retirados antes de 6 horas após a parada cardíaca e tem até 5 horas de tolerância de preservação extracorpórea. No entanto, órgãos como coração, pulmões, fígado e pâncreas devem ser retirados antes da parada cardíaca. O coração e o pulmão tem tempo máximo de preservação extracorpórea de 4 a 6 horas e o fígado e o pâncreas de 12 a 24 horas.
  Tendo em vista a maior agilidade no transporte de órgãos, o O decreto nº 8.783, assinado pelo presidente Michel Temer, em junho de 2016, estabeleceu que a FAB deve manter avião à disposição para chamado de transporte de órgãos. “Esse esforço conjunto do governo federal, para garantir a logística de órgãos para transplante, já salvou 162 vidas. Ainda precisamos avançar mais, especialmente diminuindo a taxa de recusa das famílias brasileiras em relação à doação de órgãos”, afirmou o ministro Ricardo Barros.



Mauro Costa Barbosa. 

REFERÊNCIAS: 


http://www.brasil.gov.br/saude/2016/09/saiba-quais-sao-os-criterios-da-lista-de-espera-por-transplantes. Acesso em: 07 abr. 2017.

 http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/366-sas-raiz/dahu-raiz/transplantes-raiz/transplantes/21682-transplante-de-orgaos. Acesso em: 07 abr. 2017.

 http://www.brasil.gov.br/saude/2016/06/entenda-as-etapas-do-processo-de-doacao-de-orgaos. Acesso em: 07 abr. 2017.

http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/RBT/2016/RBT20163t-let.pdf. Acesso em: 07 abr. 2017.

http://decs.bvs.br/cgi-bin/wxis1660.exe/decsserver/?IsisScript=../cgi-bin/decsserver/decsserver.xis&task=exact_term&previous_page=homepage&interface_language=p&search_language=p&search_exp=Isquemia%20Fria. Acesso em: 07 abr. 2017.

http://www.brasil.gov.br/saude/2016/09/tempo-de-isquemia.jpg/view. Acesso em: 07 abr. 2017.

http://www.brasil.gov.br/saude/2017/03/numero-de-brasileiros-doadores-de-orgaos-bate-recorde-em-2016

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